sexta-feira, 20 de junho de 2008

Batalha Final

“Mas, Mãe, eu prefiro um cachorrinho!”

Ela respirou fundo. Certo, ninguém disse que seria fácil mostrar uma barriga enorme pra um menino de 5 anos e explicar pra ele o que viria pela frente.

“Veja bem, querido, o seu irmãozinho vai lhe fazer companhia e brincar com você de um modo que um cachorro não poderia, entende?”

“Ué, mas cachorros servem exatamente pra isso!”

“Mas, filho, o máximo que um cachorro poderia fazer é correr atrás de uma bola. Seu irmãozinho vai poder te acompanhar, por exemplo, no futebol.”

“Pra mim dá na mesma. Não quero irmão nenhum, prefiro um cachorro!” Ela suspirou novamente. Tinha que ter puxado ao pai.

“Veja bem, filhinho, e quando você quiser brincar de outra coisa, por exemplo, de carrinho? O seu irmãozinho vai adorar lhe fazer companhia, enquanto um cachorro iria, no máximo, comer os brinquedos.”

“Ele pode me puxar enquanto ando de skate, é muito mais divertido do que ficar com brinquedos no chão.”

“Certo, mas, você não quer alguém que lhe imite e lhe siga? Imagina que bonitinho o seu irmãozinho querendo ser igualzinho a você!”

“Mas Mãe, o meu cachorro vai me seguir e fazer tudo que eu ensinar, dá na mesma.”

Cinco anos, e já mostrava talento pra política. Ela seguiu em frente, definitiva.

“Filho, se você ganhar um cachorro, vai ter que alimentá-lo, levá-lo pra passear e limpar as sujeiras dele. Se ganhar um irmão, nós faremos tudo isso e você só vai precisar brincar com ele.”

Ele não respondeu.

“Pronto, cheque-mate,” pensou ela, já se voltando pra outros afazeres. Parou quando ouviu uma voz que parecia considerar o assunto.

“Mãe, um irmãozinho vai me esperar na porta quando eu voltar pra casa?”

“Bem, eu suponho que ele vá ficar feliz quando você voltar, mas...”

“E ele vai buscar alguma coisa quando eu jogar?”

“Hmm, eu creio que ele poderia, mas...”

“E eu posso chamá-lo de Tóbi?”

Ela respirou fundo. Havia chegado a hora da batalha final.

“Pode, meu filho. Você pode chamar seu irmão de Tóbi. Está feliz agora?”

“Bem, então nesse caso eu acho que topo ganhar um irmão em vez de um cachorro.”

“Ufa”, pensou ela. Quem sabe matriculando o menino no judô ele poderia direcionar melhor essa energia...

“Mãe...” Ela parou de sopetão. “Um irmãozinho sabe coçar o traseiro com a perna quando eu bater palmas?”

Foram à Pet Shop no mesmo dia.

4 comentários:

Monique disse...

Só você mesmo para ter essas idéias! ^^
Muito boa essa crônica também. Nunca imaginei uma situação assim, mas conhecendo o quanto uma criança pode ser encasquetada, aceito a situação como provável e real.
Estou rindo até agora.
Brilhante! xDDD
Escreve mais!

Unknown disse...

Muito boa sacada, adoro esse tipo de sátiras.

Espero a próxima.

Digomend disse...

suaauuauaaauauau
Muito bom Chris!!!

Leo Leite disse...

se minha mãe me ouvisse, eu seria tão feliz sem a minha irmã... e cachorro morre em 10 anos, e minha irmã já completou 17 e ainda tá viva!